Redação SRZD
A escola mirim Aprendizes do Salgueiro anunciou, nesta quinta-feira, o enredo que vai apresentar no Carnaval 2016.
A agremiação vai homenagear o baluarte Djalma Sabiá. O tema "Minha
terra é o Salgueiro, onde canta Sabiá", desenvolvido pelo Departamento
Cultural, vai mostrar a trajetória do sambista.
A logomarca foi desenvolvida pelo designer Leonardo Marques e por Victor Brito.
Leia a sinopse do enredo:
MINHA TERRA É O SALGUEIRO, ONDE CANTA O SABIÁ
Um dia Xangô fez seu mítico reino de Oyó renascer em um morro,
incrustado numa pedreira, em pleno da bairro da Tijuca, no Rio de
Janeiro. Tal qual seu magnífico império africano, essas terras
abençoadas pelos deuses abrigaram súditos da linhagem direta do orixá do
fogo, do trovão e da justiça. Eram descendentes de reis e rainhas que
foram arrancados de suas terras para serem escravizados no Brasil. Os
filhos de Xangô construíram ali sua morada, uma espécie de quilombo
urbano, símbolo da resistência cultural negra que pulsa no coração de
uma cidade Maravilhosa.
Nesse Oyó salgueirense, a
floresta abraça a cidade, em meio a uma paisagem natural arrematada por
pássaros e rios de águas cristalinas que descem a grande montanha em
direção ao mar. Ali brotou a raiz da mais pura arte do samba. E para
jamais deixar morrer a saga de luta, bravura e arte da sua gente, Xangô
nomeou um griô. Um ser dotado de grande sabedoria, detentor da memória
de um povo que traz no sangue o orgulho de seus ancestrais e a glória
real de uma dinastia que celebra, orgulhosa, sua cultura entre danças,
rezas e batuques.
Em meio ao cenário de beleza e paz, o
griô, ainda aprendiz, brincava solto por essas terras, cercadas pela
natureza exuberante. Nas peladas aos pés do morro do Salgueiro, driblava
os adversários com ginga e destreza, com pernas que lembravam um
pássaro típico do lugar. Foi daí que ganhou o apelido incorporado para
sempre ao seu nome. E o samba virou batucada para abrir alas ao nosso
grande Djalma Sabiá.
Além de bom de bola, Djalma começou a
mostrar que era também craque no samba. Tirava da viola melodias tão
belas quanto o trinar dos pássaros que riscavam os céus da região. O
carnaval virou uma paixão definitiva. E as escolas do morro se
transformaram em espaço para expor sua arte musical. Depois de anos
desfilando pela Azul e Branco do morro do Salgueiro, Djalma participou
de um momento histórico, em 5 de março de 1953: a fundação dos
Acadêmicos do Salgueiro, instituição nascida da união de duas bandeiras
com o intuito de fortalecer o carnaval local. Surgia o pavilhão
alvirrubro, motivo maior do cantar de todos nós.
No
recém-fundado Acadêmicos do Salgueiro, Djalma Sabiá compôs, ao lado de
parceiros fiéis, obras que se transformaram nas mais belas trilhas
musicais para uma agremiação nascida sob o signo da revolução. Assim,
mostrou que o Brasil é, de fato, "Fonte das Artes", no carnaval de 1956.
No ano seguinte, cantou as dores da travessia dos escravos no "Navio
Negreiro". Narrou as glórias do "Corpo de Fuzileiros Navais", em 1958.
Depois, mostrou que Debret foi de fato um "grande artista, primaz
documentarista, do Brasil colonial", no carnaval de 1959, quando
embarcou numa "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil". Em 1964,
assinou, ao lado de Geraldo Babão e Binha, um dos mais belos sambas do
carnaval carioca: "Chico-Rey". E em 1976, apresentou ao mundo a história
de um local até então esquecido na geografia carioca: o porto de
desembarque dos escravos na região central do Rio de Janeiro, o cais do
Valongo.
Nesses mais de sessenta carnavais da Academia,
Djalma Sabiá coleciona, além de sambas memoráveis, um grande acervo
sobre a história da nossa agremiação. Um tesouro guardado e
compartilhado generosamente com todos os que vão a sua casa atrás de
histórias saborosas sobre os Acadêmicos do Salgueiro. Trabalho coroado
com diversas homenagens, como prêmios especiais conferidos por veículos
de imprensa, e a construção de um centro cultural do tamanho do sonho do
menino bom de samba, que está sendo erguido com o nome de Djalma Sabiá.
E
para celebrar os noventa anos do nosso maior baluarte, a nova geração
de aprendizes salgueirenses vem com todo orgulho coroar na avenida o
grande Djalma de Oliveira Costa, imortal da nossa Academia Brasileira do
Samba. O griô que é a memória viva desta grande paixão vermelha e
branca, o Salgueiro. Nosso terreno sagrado, onde canta o Sabiá. E onde
reina Xangô no Oyó do novo mundo.
Diretoria Cultural G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro
Fonte: www.sidneyrezende.com/carnaval